Por Joaci Góes.
Ocorrências como o recente encontro, na Assembleia da ONU, entre Trump e Lula, contribuem para a consolidação do ingênuo dito popular segundo o qual Deus é brasileiro, na medida em que, do modo mais surpreendente, os dois chefes de Estado saíram como amigos cordiais, aptos a porem fim a um grave conflito diplomático, entre Brasil e Estados Unidos, de consequências político-econômicas imprevisíveis.
Até o prometido encontro entre ambos, previsto para ocorrer no curso dos próximos dias, as especulações sobre o seu desfecho variam ad infinitum, incluindo-se nesse amplo espectro o conteúdo deste texto hebdomadário.
Com a auto estima recuperada, depois de haver sido esculhambado pelo imprevisível Presidente Trump, Lula tem agora a possibilidade de emergir ileso do beco sem saída em que se meteu, ao consolidar-se como um pária da diplomacia internacional, sem apoio, sequer, dos membros do BRICS ou dos seus seculares parceiros da América do Sul, todos, finalmente, avessos ao discurso terceiro-mundista do presidente brasileiro, com as exceções de Cuba, Venezuela e Nicarágua.
Como é de evidência solar, o móvel do tarifaço que, praticamente, fechou o acesso de produtos brasileiros ao mercado norte-americano, é a indecorosa perseguição política ao ex-presidente Jair Bolsonaro e alguns dos seus auxiliares, movida pelo STF, travestido de partido político, em criminoso desvio de finalidade, de acordo com a Constituição Federal de 1988, conforme tão bem demonstrado no voto histórico do Ministro Luiz Fux, de 14 horas de duração, ao desmontar cada um dos alegados suportes das injustas condenações.
Enganam-se os que anunciam atribuir responsabilidade ao deputado Eduardo Bolsonaro pelos destemperos trumpianos. O deputado Eduardo Bolsonaro é, apenas, o móvel. A verdadeira causa é o reconhecimento, por Trump, de que o mundo está dividido em três grandes áreas de influência: uma para a China; outra para a Rússia, e uma terceira, a América, onde o Brasil é a segunda unidade mais forte, ao lado do Canadá, ficando para os Estados Unidos.
Neste espaço, Trump tudo fará para assegurar a histórica liderança norte-americana. Isso explica sua decisão de apear a ditadura de Nicolas Maduro, na Venezuela, no curso dos próximos meses. A Europa, de parceria com os Estados Unidos, continuaria encarnando a superioridade dos valores da Civilização Ocidental.
Nesse contexto, a aprovação da anistia para os atuais condenados pela fantasiosa tentativa de golpe de estado é uma mera questão de tempo, concorrendo, para viabilizá-la, a ação lúcida de algumas personalidades de relevo da vida política brasileira, a exemplo de Michel Temer, Aldo Rebelo, Aécio Neves, Espiridião Amin e Sérgio Moro, além de outros.
Há crescentes sinais de que alguns membros da Suprema Côrte que não integram a Primeira Turma já consideram a anistia o caminho mais seguro para a restauração da paz social no Brasil., até como meio de permitir que algumas de suas excelências possam voltar a frequentar espaços públicos nas cidades brasileiras e até estrangeiras, de onde são tangidos como autênticos vilões.
Caso contrário, teríamos que acrescentar mais uma às atuais três categorias de pessoas, todas iniciadas pela letra P (pobres, pretos e putas), a quem as prisões são reservadas. Seria a categoria dos patriotas.